O novo filme de Quentin Tarantino é um espetáculo e coloca o polêmico diretor americano num patamar superior aos demais diretores em atividade.
Polêmico, afinal nem havia estreado e já recebia críticas ferozes de Spike Lee, diretor “politicamente engajado” pela causa negra, autor de obras importantes como “Faça a coisa certa” (1989) e “Malcon X” (1992) que acusa Django de ser um filme racista, “o filme é desrespeitoso aos meus ancestrais… a escravidão americana não foi um western spaghetti de Sérgio Leone, e sim um holocausto”, disse o diretor em entrevistas. Lee tem problemas com a obra de Tarantino desde “Jackie Brown” (1997), que também acusa de racismo. Engano em ambos os casos, mas no caso de Django é um exagero de Spike Lee, que não faz nada de muito relevante a algum tempo e tem se tornado um chato politicamente correto. O Filme não tem nada de racista, é muitas vezes violento, mas racista nunca.
A crítica brasileira também errou feio ao criticar o roteiro do filme, inclusive um crítico importante da Folha de SP, que não vou citar o nome, arrasou o roteiro do filme, que, contrariando a opinião do sujeito, vem conquistando prêmios nos mais diversos festivais, globo de ouro inclusive. Adoro o texto e acho que pode ser o único Oscar que o filme pode levar, o de roteiro original.
O roteiro de Tarantino é genial, e o diretor, ao longo dos últimos anos e filmes, vem criando um mundo “Tarantinesco”, paralelo, um mundo por vezes estranho a maioria mas incrível aos olhos dos fãs. Esse termo “Tarantinesco” vem se tornando uma crítica negativa na boca de alguns críticos, e na minha opinião é exatamente o oposto. Alguns poucos conseguem essa façanha como Fellini, Hitchcock, Tim Burton e Woody Allen, que criam um mundo a parte na história do cinema. Os fãs se deleitam com as auto referências, mas o público em geral consegue apreciar os filmes, mesmo sem o repertório necessário para aproveitar tais referências.
O diretor já fez sua trilogia de obras primas, Cães de Aluguel (1992), Pulp Fiction (1994) e Bastardos Inglórios (2009), o que pra mim coloca qualquer diretor com três obras primas no patamar de gênio. Django livre entraria fácil nessa trilogia de obras primas, é um filme potente, uma história convincente, com diálogos “Tarantinescos”, mas de uma força impressionante. Você torce do início ao fim por esse “hércules negro”. Se divirta com as referencias aos filmes B, filmes de Western, spaghetti´s italianos e, ainda mais, aos filmes do próprio Tarantino. Que aparece numa das cenas finais num papel explosivo.
As atuações são deliciosas. Jamie Foxx (Django), Christoph Waltz (Dr. King Schultz), que vem ganhando, novamente, todos os prêmios possíveis e, pensando bem pode ser o segundo Oscar do filme, o de ator coadjuvante, Leonardo DiCaprio (Calvin Candie) e Samuel L. Jackson (Stephen), estão em perfeita sintonia e tornam os diálogos de Tarantino ainda mais sedutores. , A trilha sonora vem complementar esse espetáculo “cool”, as trilhas de Tarantino já são famosas, mas essa vai além e ajuda a contar a história.
Enfim um Baita Filme.
Django Livre (Django Unchained – Estados Unidos)
Direção e Roteiro: Quentin Tarantino
2012 | color | 165 min. | Ficção | Classificação: 16 anos
