O Desaparecimento do Elefante

Nesse final de semana fui ver a peça dirigida de Monique Gardenberg inspirada nos contos do escritor japonês Haruki Murakami, do qual sou fã incondicional e estou lendo o último livro 1Q84 (que é ótimo e deve receber um texto aqui no Blog em breve).
Em O Desaparecimento do Elefante, a diretora baiana leva à cena cinco contos de Murakami e reitera seu talento, afinal alguns dos seus espetáculos anteriores tiveram grande êxito junto a crítica e também ao público. Entre eles adorei as suas versões para os textos do canadense Robert Lepage (em Os Sete Afluentes do Rio Ota), dos norte-americanos Neil LaBute (Baque) e Adam Rapp (Inverno da Luz Vermelha).

 

Com todas essas referências, de adaptações espetaculares, cheguei ao Sesc Pinheiros com a expectativa lá em cima e, como em toda obra de arte em capítulos, alguns foram compensadores outros nem tanto.
Meu destaque fica por conta do nonsense O Comunicado do Canguru: onde um funcionário responsável pelo controle de qualidade de uma empresa se apaixona pela carta de um cliente. A forma como o Ator Kiko Mascarenhas trabalha o texto impressiona pela criatividade, e mostra um trabalho incrível do ator para abrir novas possibilidades ao texto. Trabalhando o tempo inteiro com o ritmo, com a tom da voz e também muito com a quebra das frases e significados, o autor transforma o texto em algo maior. E me deu a impressão que é o episódio que mais se aproxima da literatura de Murakami.

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Outros destaques são O Pássaro de Cordas, O Segundo Ataque e também Sono, cuja protagonista, anestesiada num casamento estável, não consegue dormir e se projeta na história de Ana Karenina, heroína criada pelo escritor russo Liev Tolstói.  No entanto não gostei do episódio que dá nome ao espetáculo, pois em O Desaparecimento do Elefante, relato de um rapaz acerca do sumiço do animal, a peça fica um pouco distante da qualidade das outras.
A cenografia e as projeções ficaram a cargo de Daniela Thomas e Camila Schmidt e tem ideias interessantes, potencializadas pela iluminação de Maneco Quinderé. É o caso das projeções de Sono e O Segundo Ataque, um dos mais engraçados episódios. Marjorie Estiano está impagável no papel de uma japa maluca inspirada nos mangás japoneses e nos videogames atuais.

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Num balanço geral o espetáculo superou as minhas expectativas e confirma, assim, o talento e refinamento técnico dos trabalhos de Monique. Além da Direção de Monique e da trilha sonora, que mistura Mozart e Raul Seixas e também contribui enormemente para o encanto do espetáculo, o outro ponto forte é o elenco com destaque para as atuações de Caco Ciocler, Fernanda de Freitas, Rafael Primot, Marjorie Estiano e Kiko Mascarenhas. Enfim um baita espetáculo.

Observação: a peça fica em cartaz até dia 05/05 (próximo domingo) portanto corra para conseguir seu ingresso.

188-td-andre-gardenbergO Desaparecimento do Elefante
Direção de Monique Gardenberg e Michele Matalon.
Elenco: André Frateschi, Caco Ciocler, Fernanda de Freitas, Kiko Mascarenhas, Marjorie Estiano, Maria Luísa Mendonça, Rodrigo Costa e outros.
Teatro Paulo Autran – Sesc Pinheiros
Rua Paes Leme, 195 – Pinheiros –São Paulo – SP
Tel.: 11 3095-9400
www.sescsp.org.br 

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