Na corrida para ver todos os filmes indicados ao Oscar antes da Cerimônia, que acontece no fim de fevereiro em Las Vegas, esse final de semana fui ver o Lincoln, filme histórico do Diretor Steven Spielberg. E o primeiro fato impressionante é que todas as salas de cinema da cidade estavam praticamente lotadas, só consegui um ingresso no Reserva Cultural, na Av. Paulista. Fato esse que já indica que o filme está indo bem por aqui.
PS: em todas as salas houve um problema de áudio nos 20 minutos iniciais do filme, o som fica adiantado em relação a imagem, fica parecendo um filme em inglês, dublado em inglês. Atrapalha bastante e dito isso, o filme se resume a atuação de Daniel Day Lewis, Seu Lincoln é por vezes humano e por vezes monumental, e de tão boa, deixa todos os outros atributos positivos do filme meio apagados. Engraçado que numa produção americana com um diretor americano, sobre um ícone americano o ator escolhido é da Inglaterra… mas em alguns minutos da sua atuação se entende por que o diretor fez essa escolha. É favoritíssimo em qualquer premiação da temporada, inclusive do Oscar. Reparem que em alguns momentos os personagens não aguentam as anedotas de Lincoln, e o ritmo em que conta lembra muito um certo senador petista, numa espécie de Suplicy das Américas, rs…
O elenco inteiro vem sendo ovacionado pela crítica especializada, concordo em partes, como no caso Tommy Lee Jones, em que todos estão corretíssimos, e seu trabalho, que numa rara interpretação que foge do papel de rabugento padrão, é sensacional, talvez o único que equipare ao de Lewis. Confesso que não gostei do trabalho, também muito elogiado, de Sally Field, achei over e muitas vezes até meio canastrona. Outra grata surpresa é James Spader, que está irreconhecível e faz um papel brilhante.
A Política americana e o inicio da democracia são os grandes assuntos do filme, que, acompanha Lincoln, 16º presidente americano, durante a Guerra Civil e na luta para a aprovação da 13ª emenda, que abolia a escravidão em solo americano, e tornou-se o grande legado desse ícone. Ao contrário da maioria dos filmes do diretor tem mais diálogos e menos ação. O Roteiro é primoroso e mesmo quem não está familiarizado com a politica americana e sua história entende os recados que Spielberg, através dos seus personagens, dá a Obama, e por que não dizer a todos os congressistas. Que vem fazendo papelão atrás de papelão, como no caso do “teto fiscal” que por falta de acordo ainda não está resolvido e a cada trimestre deixa o país todo à beira do calote. Uma vergonha antes exclusiva de republiquetas-terceiro-mundistas como Brasil e Argentina.
Como cinema, Steven Spielberg, exagera um pouco no melodrama de algumas cenas, a música de John Williams e closes pensados e, por vezes forçados, buscam provocar uma emoção, que apenas o texto e as incríveis atuações provocariam com mais sutileza. Uma mania que irrita qualquer um com um mínimo de conhecimento da linguagem cinematográfica.
Lincoln (Lincoln – EUA)
Direção: Steven Spielberg
2012 | color | 153 min. | Ficção | Classificação: 10 anos